segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

INFIDELIDADE MELHORA A AUTOESTIMA DOS HOMENS. QUEM SABE, NO FUTURO, MELHORE A DAS MULHERES TAMBÉM!

Na página da uol, há um comentário sobre o lançamento do livro de Maryse Vaillant. O comentário diz o seguinte: Maryse Vaillent, uma das mais famosas psicólogas francesas da atualidade, causou polêmica ao defender, em livro recém-lançado na França, que a infidelidade masculina faz bem para o relacionamento e para a autoestima do homem. A autora afirma que para a maioria dos comprometidos a infidelidade é quase inevitável e que, apesar de pularem a cerca, eles não deixam de amar suas mulheres. A autora diz que os homens que não tem casos extraconjugais podem ser portadores de uma fraqueza de caráter, por negarem as suas vontades.
Discordo da autora quando ela considera portadores de fraqueza de caráter os homens que não tem casos extraconjugais. Acho que do mesmo modo que a fidelidade não deve ser imposta, a infidelidade não deve ser imposta também. Acho, realmente, que esta não é uma questão moral.
No mais, concordo totalmente quando ela diz que ter casos extraconjugais melhora a autoestima dos homens. Ter desejos e poder satisfazê-los melhora a autoestima. Isto acontece não só na vida sexual de cada um, mas também na vida sentimental, profissional, etc. A autora também está certa quando diz que apesar de os homens pularem a cerca eles não deixam de amar suas mulheres. Também acho que o amor por uma pessoa não impede o desejo por outras. É preciso separar sexo de sentimento. E os homens sabem fazer isto. É possível, inclusive, amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Muitas vezes de maneiras diferentes, mas sim, é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Simone de Beauvoir acreditava que não são os indivíduos que são responsáveis pelo malogro do casamento: mas a própria instituição , pervertida desde a origem. Declarar que um homem e uma mulher devem bastar-se de todas as maneiras e durante toda a vida é uma monstruosidade que engendra hipocrisia, mentira e infelicidade. Ela apostava em casais equilibrados em que as noções de vitória e derrota dariam lugar a uma idéia de reciprocidade. Acho que ela quis dizer liberdade recíproca. Concordo totalmente com a inspiradora deste blog. Acrescento que exigir do parceiro exclusividade e controle dos desejos sexuais e sentimentais é demonstração de egoísmo e não de amor.
Não somos informados se a autora comenta sobre os casos extraconjugais femininos e seus efeitos. Na minha opinião ter casos extraconjugais deveria aumentar a autoestima da mulher também. Não é isto que acontece. Por que? O homem, desde pequeno, é estimulado a ter uma vida sexual rica, intensa. Com a mulher acontece o contrário. Ter uma vida sexual intensa pode significar a perda da chance de conseguir um parceiro, um marido. E isto, para a mulher brasileira ainda é um bem maior. Maior do que a própria liberdade. Um caso extraconjugal pode significar a perda do marido tão precioso. Repressão explícita não seria tão eficaz quanto esta ameaça de não ser escolhida para casar ou de perder o marido. Enquanto a mulher atribuir ao casamento tamanho valor, não poderá curtir plenamente a sua sexualidade. E sem liberdade mútua, um casal jamais experimentará a plenitude do amor.
Mas há exemplos de ousadia. No comentário da uol, é citada uma frase da roqueira baiana Pitty: "Meu grilo não é o meu parceiro sentir desejo por outra pessoa. É o fato de eu não saber. Eu quero me sentir incluída. A mina é massa? É gostosa? Me leva junto!" Isto sim é que é autoestima!

domingo, 3 de janeiro de 2010

CAPA REVELADORA

A reportagem de capa da revista Época número 605, de 21 de dezembro, é sobre o lançamento do livro da escritora irlandesa Karen Armstrong, Uma defesa para Deus. O livro tem como objetivo defender a religião das críticas severas feitas pelos pensadores ateus. Estes, há alguns anos, vem lançando livros, viabilizando debates, gravando documentários e até fazendo campanhas contra as religiões em ônibus de algumas cidades da Europa. São os ateus militantes ou os novos ateus. Aproveito a oportunidade para indicar alguns destes livros: Deus um delírio, escrito por Richard Dawkins, deus não é grande, escrito por Christopher Hitchens, A morte da fé e Carta a uma nação cristã, escritos por Sam Harris, Tratado de ateologia, escrito por Michel Onfray, Quebrando o encanto, escrito por Daniel Dennett e Infiel, escrito por Ayaan Hirsi Ali.
Quem escreveu a matéria afirma que o livro de Karen Armstrong é um alento para os que creem, um trabalho denso que resgata a relevância que a modernidade roubou às religiões. Não li o livro, mas vamos tentar encontrar a tal densidade em alguns trechos selecionados para a matéria. "Os ateus, infantilmente, concebem Deus como um ser poderoso que os homens não conseguem enxergar." É preciso muito cinismo para afirmar que os cristãos, os judeus e os mulçumamos não concebem Deus como este ser poderoso que eles não conseguem enxergar! Estes grupos acreditam sim que Deus é um ser poderoso que tudo ouve e tudo vê. Aliás, parece que Deus é o maior voyeur de todos os tempos, pois fica observando até a vida sexual das pessoas. "A religião não existe para explicar a origem do universo." Mas bem que tenta! Os livros sagrados tem historinhas mentirosas e bobinhas sobre a origem do universo e do Homem. O pior é que muitas pessoas ainda acreditam nelas. "A religião nos ajuda a lidar com os aspectos da vida para os quais não existem respostas fáceis: a morte, a dor, o sofrimento, as injustiças da vida e as crueldades da natureza." Se você tem um filho, de mais ou menos 6 anos, que morre de câncer, depois de passar um ano em um doloroso tratamento e se contenta com a explicação de que isso aconteceu porque Deus quis e ainda entrega esse filho morto a Deus e agradece a ele sabe-se lá porque, de duas uma: ou você não tem amor nem respeito por esse filho ou você não tem neurônios no cérebro! "A razão pode até curar o câncer, mas não nos ensina a agir ao receber seu diagnóstico nem nos ajuda a morrer em paz." Se eu estou com câncer e o médico me diz que para este câncer há 50% de chances de cura, por que devo supor que esse ser poderoso irá me colocar no grupo dos 50% curáveis? Por acaso sou melhor do que as pessoas do grupo dos 50% não curáveis? E quando se trata de crianças, como esse ser poderoso escolhe quem irá e quem não irá sobreviver? Quais são seus critérios? Não!!! Eu me recuso a ficar refém desta loteria divina. É muito mais tranquilizador confiar nas estatísticas. É hora de dar crédito a quem realmente merece! A ciência é que faz as pessoas viverem mais e melhor, as religiões só atrapalham e depois roubam os milagres da ciência! Quanto a morrer em paz, eu, sinceramente, não vejo os religiosos desejando, aceitando ou comemorando a sua própria morte ou a morte das pessoas de quem gostam. Deveriam, pois para eles deveria significar a aproximação do encontro com Deus. Ou será que todos acham que irão para o inferno? Talvez, afinal ninguém vive segundo as escrituras sagradas! Eu, se fosse religiosa, morreria extremamente intranquila, pois não saberia se iria para o céu, para o inferno ou para o purgatório e não desejaria ir para nenhum dos três lugares, já que, baseando-me na imaginação popular, é claro, nenhum deles parece um lugar atraente, muito menos o céu que é uma monotonia só!
E eu pergunto: cadê a densidade do livro? Há outros trechos na matéria mas bastam estes para concluir que ver um debate entre qualquer um dos ateus citados acima e Karen Armstrong é como ver uma partida da atual seleção brasileira de voley masculina com uma seleção amadora de voley, ou seja, não tem graça. As argumentações de Karen a favor das religiões não resistem ao menor sopro de racionalidade dos ateus. Então vou parar por aqui. A Época elogiou muito o livro, mas cometeu um ato falho. Escolheu uma capa que mostra o céu com umas nuvens, o sol brilhando atrás e a palavra DEUS entre as nuvens e o sol. Nada mais revelador do que é Deus: apenas uma palavra, nada mais!