domingo, 29 de novembro de 2009

HOMEM É DE GUERRA E MULHER É DE PAZ.

Homem é de guerra e mulher é de paz. É mais uma característica para compor o que se define por feminilidade. Ser feminina é ser de paz, ser dócil, ser romântica, ser fiel. Bem conveniente, não?
Simone de Beauvoir disse em O SEGUNDO SEXO: "Contra toda afronta, contra toda tentativa de reduzi-lo a objeto, o homem tem o recurso de bater, de se expor aos golpes; não se deixa transcender por outrem, reencontra-se no seio de sua subjetividade. A violência é a prova autêntica da adesão de cada um a si mesmo, a suas paixões, a sua própria vontade, recusá-la radicalmente é recusar-se toda verdade objetiva, é encerrar-se numa subjetividade abstrata... Um homem pode por o mundo em discussão sem cessar, pode a cada instante insurgir-se contra o que lhe foi dado e tem, portanto, a impressão, quando o aceita, de o confirmar ativamente, a mulher não faz senão suportá-lo: o mundo define-se sem ela e tem um aspecto imutável. Essa impotência física é traduzida por uma timidez mais geral: ela não acredita numa força que não experimentou em seu corpo; não ousa empreender, revoltar-se, inventar: votada à docilidade, à resignação, não pode senão aceitar na sociedade um lugar já preparado".
Olhando a situação da mulher no mundo atual, nada mais se torna tão maléfico quanto espalhar a idéia de que mulher é de paz. Muitas mulheres ainda precisam gerrear para conquistar sua liberdade. Na arena social e sexual, temos que aprender a nos defender e a atacar. Temos que recusar as características culturais, propositadamente assumidas como biológicas, que nos impuseram até hoje. Estas características não nos beneficiaram. Devemos construir uma nova idéia do que é ser mulher que, no meu ponto de vista, não difere muito daquilo que é ser homem.

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